Protesto dos brasileiros - PARA REFLETIR

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Em busca de uma visão cristã sobre os protestos que estão acontecendo, achei esse texto muito bem escrito pelo querido amigo Amilton Menezes (cujo blog está de cara nova, VEJA AQUI)
 
Leia com atenção, é importante:
 
protesto_Brasil
 


Há um frenesi incontrolável nas redes sociais, na imprensa, nas rodinhas de conversas – em quase todos os lugares – sobre os recentes movimentos reivindicatórios que acontecem nas principais cidades do Brasil. A nação verde-amarela, deitada em berço esplêndido, parece que “acordou” e cria-se a expectativa de uma nova era para os brasileiros. O desejo por um país melhor também aguçou os crentes, envolvidos em debates acalorados e, naturalmente, divididos. Uns a favor, outros terminantemente contrários à participação dos mesmos nessas manifestações públicas.

Já vi esse filme na década de 1980, no “Diretas Já” e, depois, nos anos 90, com os “caras-pintadas”, que resultou no impeachment de Fernando Collor. Aliás, o “filme” é bem mais velho. Corrupção, exploração e insatisfação com governantes, vêm de longe. Miquéias, por exemplo, viveu uns 700 anos antes de Cristo e já manifestava-se contundentemente sobre o desaparecimento da piedade e a opressão aos pobres. “Os piedosos desapareceram do país; não há um justo sequer” (Mq 7:2).

Habacuque, 600 anos antes de Cristo, pinta um quadro idêntico aos dos jornais de hoje e dos principais portais de notícias na internet. Corajoso, questionou o próprio Deus: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e Tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? … Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida” (1:1-4).

Habacuque não recebeu muitas explicações do Senhor (capítulo 2). Destaco, porém, a ênfase da garantia escatológica na resposta divina. O fim vai chegar no tempo determinado, tudo “se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará” (2:3).

Quanto a Miquéias, perceba que a dor do profeta é a mesma do próprio Deus: “Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus. Todos se desviaram… não há ninguém que faça o bem, não há nem sequer um” (Sl 53:2).

Para Habacuque o estímulo foi a confiança e perseverança: “o justo viverá pela sua fé” (2:4). O foco deveria estar mais alto, nas promessas de Deus! Já Miquéias, depois da manifestação verborrágica, acalmou sua expectativa “revolucionária”: “Quanto a mim, ficarei atento… esperando em Deus, o meu Salvador, pois o meu Deus me ouvirá” (7:7).

Vejo todas essas manifestações no meu querido Brasil com muito interesse e também com um sentimento de satisfação pelo “despertar” de um povo historicamente acomodado. Porém, seria inconsequente sugerir ou inferir aqui que os protestos – e até a luta armada, como pregam alguns – sejam a solução para as mazelas dos brasileiros ou da humanidade. O problema é beeem mais complexo e profundo. Tem que ver com mudança radical de coração [mente]. Novo nascimento. Nenhum governo ou ser humano conseguirá tal proeza. Mesmo que queiram. É uma questão de fé.

A simpatia por esses movimentos (sem a companhia da violência) não ilude meu coração de que o Brasil, ou qualquer outro país, será integralmente justo e igualitário. Não é pessimismo. É profético. Nossa Pátria é outra, “superior, uma pátria celestial” (Hb 11:16). Um novo tempo justo, perfeito, igualitário no mais absoluto sentido da palavra, isento de dor, sofrimento ou opressão de qualquer tipo.

Como brasileiro, devo buscar o melhor, lutar pelo melhor, defender não apenas os meus direitos como também os de meu próximo, preservar o meio-ambiente, ser um cidadão atuante e digno do lugar onde vivo, porém, o foco primordial deve estar finamente ajustado no que realmente vai fazer a diferença e a mudança. Agora, se isso aos meus olhos finitos demorar, vou esperar pacientemente, como Miquéias. E, atentíssimo, pela fé, como Habacuque! Afinal, não tardará!
 
Escrito por Amilton Menezes

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